|   ATENEU DE NÁUCRATIS   Ateneu  (Náucratis, cerca de 200) foi um escritor da Grécia Antiga. Geralmente é  conhecido como Ateneu de Náucratis, por ter nascido e sido criado nessa  antiga cidade egípcia, mas pouco mais se sabe da sua vida. É conhecido  sobretudo pela coleção antológica em quinze livros intitulada O banquete dos eruditos (em grego,  Δειπνοσοφισταί, transl. Deipnosophistai,  sendo deipnon: "banquete"; sophistai: "sábios"). Morte em 223 (53 anos). Cidadania   Império Romano. Ocupaçãoescritor, orador.   Extraído de    OS PRÉ-SOCRÁTICOS: fragmentos, doxografia e comentários. Seleção de textos e supervisão do Prof. José Cavalcante  de Souza; dados biográficos de Remberto   Francisco Kuhmen; traduções de José Cavalcante de Souza et al.  3ª edição. São Paulo, SP: Abril Cultural,  1985. 370 p.  17x24 cm.   (Os Pensadores)    FRAGMENTOSTradução de Anna L. A. de A. Prado
   ELEGIAS    
                    
                      ATENEU, X, 462 C.   Agora o chão da casa  está limpo, as mãos de todos
 e as taças; um cinge as cabeças com  guirlandas de flores,
 outro oferece odorante mirra numa salva;
 plena de alegria, ergue-se uma cratera,
 à mão está outro vinho, que promete jamais faltar,
 vinho doce, nas jarras cheirando a  flor;
 pelo meio perpassa sagrado aroma de incenso,
 fresca é a água, agradável e pura;
 ao lado estão pães tostados e suntuosa mesa
 carregada de queijo e espesso mel;
 no centro está um altar todo recoberto de flores,
 canto e graça envolvem a casa.
 É preciso que alegres os homens primeiro cantem os deuses
 com mitos piedosos e palavras puras.
 Depois de verter libações e pedir forças para realizar
 o que é justo — isto é que vem em  primeiro lugar —,
 não é excesso beber quanto te permita chegar
 à casa sem guia, se não fores muito  idoso.
 É de louvar-se o homem que, bebendo, revela atos nobres
 como a memória que tem e o desejo de  virtude,
 sem nada falar de titãs, nem de gigantes,
 nem de centauros, ficções criadas pelos  antigos,
 ou de lutas civis violentas, nas quais nada há de útil.
 Ter sempre veneração pelos deuses, isto  é bom
 
     Mas se alguém obtivesse a  vitória, ou pela rapidez dos pés,ou no pentatlo, lá onde está o recinto  de Zeus
 perto da correntes do Pisa em Olímpia, ou na luta,
 ou mesmo no penoso embate do pugilato,
 ou na rude disputa a que chamam pancrácio,
 os cidadãos o veriam mais ilustre,
 obteria nos jogos lugar de honra visível a todos,
 receberia alimento vindo das reservas públicas
 dado pela cidade e também dons que seriam seu tesouro.
 Ainda que fosse com cavalos, tudo isso  lhe caberia,
 embora não fosse digno como eu, pois mais que a força física
 de homens e de cavalos vale minha  sabedoria.
 Pois nem havendo centre o povo um bom pugilista,
 nem havendo um bom no pentatlo, nem na  luta
 ou pela rapidez dos pés, que mais que a força física
 merece honra entre as ações dos homens  nos jogos,
 não é por isso que a cidade viveria em maior ordem
 Pequeno motivo de gozo teria a cidade,
 se alguém, competindo, vencesse às margens do Pisa,
 pois isso não enche os celeiros da  cidade.
 
     As delicadezas inúteis  aprenderam* dos lídios, E, enquanto estavam longe  de odienta tirania,iam à ágora vestindo túnicas purpúreas,
 em geral, em número não inferior a mil,
 soberbos, orgulhosos de seus cabelos bem tratados,
 respingando perfume de unguentos  artificiais.
     Ninguém temperaria o vinho  vertendo o primeirona taça, mas a água e por cima o vinha  puro.
   * Os homens do Colofão (N.  do T.)
                                           PARÓDIAS  22.  ATENEU, II p. 54 E.
              É  ao pé do fogo que tais palavras deves dizer, no inverno,deitado em cama macia e saciado,
 bebendo doce vinho,  lambiscando grão-de-bico:
 Quem és afinal entre os homens?  Quantos anos tens, meu
 caro?
 Que idade tinhas quando o  Medo chegou?
 
   ------------------------------------ Página  publicada em junho de 2018 
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